Medo de ter medo - Entendendo melhor o Transtorno de Pânico
- Boas notícias, senhor Evans, o seu coração está ótimo!
- Ótimo? O que você quer dizer com isso? Eu tive oito ataques cardíacos nas últimas semanas.
- Bom, na verdade, eu diria que o senhor teve um ataque de ansiedade, um ataque de pânico.
(A mafia no divã)
Já ouviu falar em Transtorno de Pânico? Exemplos não faltam nos filmes, revistas, internet, e francamente, podemos perdoar a confusão do sr. Evans, já que alguns dos sintomas de um transtorno de pânico podem causar a impressão de um problema cardíaco ou em algum outro lugar do corpo.
Entre os sintomas “físicos” dos pacientes com pânico estão incluídos o aumento da freqüência cardíaca, ondas de frio e calor, sensação de formigamentos, tremores, suor excessivo, sensação de desmaio, tontura, dor de cabeça, náuseas e diarréia.
Com tantos sintomas assim, uma boa parte dos pacientes diagnosticados com pânico passam por uma série de especialistas, clínicos gerais, cardiologistas, neurologistas e mesmo gastroenterologistas e otorrinolaringologistas. Em uma pesquisa, observou-se que muitos pacientes vão a vários médicos, muito frequentemente (mais de 80%) procurando pronto-socorros e em mais de 40% das vezes chegam a procurar 3 especialistas ou mais antes de finalmente encontrar tratamento psiquiátrico!
Os sintomas psiquiátricos do transtorno de pânico incluem sensações de medo de morrer, enlouquecer, perder o controle, sensação de perda da noção de si mesmo e de estranhamento do ambiente, do que está em volta, do mundo. Esses ataques, com sintomas físicos e psiquiátricos, acontecendo de forma repetida, são os característicos do transtorno de pânico. A pessoa passa a ter um medo intenso de um novo ataque ou a evitar situações que possam desencadear um ataque, o que geralmente significa uma limitação cada vez maior do que pode ou não fazer e de como leva a sua vida.
Existem algumas explicações possíveis para o transtorno de pânico. Segundo a psicanálise seria o resultados de idéias inconscientes reprimidas. A teoria cognitiva envolve a idéia de que alguns estímulos podem desencadear pensamentos e reações físicas, essas reações gerando o pensamento de que poderia ocorrer algum problema com a pessoa e reforçando a ansiedade até os níveis de um ataque de pânico. Existe, por fim, evidências de que algumas estruturas no cérebro, que reagem a situações de ansiedade e medo justificados se ativariam de forma inapropriada no quadro de pânico.
O tratamento do transtorno de pânico é feito com o uso de medicações e com a terapia cognitivo-comportamental, além de técnicas auxiliares que podem ser úteis em algum ponto do tratamento, exercícios físicos e treinos de respiração e relaxamento. O tratamento medicamentoso geralmente envolve o uso de um antidepressivo e em algumas situações pode ser necessário o uso de alguma medicação de “resgate”, como uma forma adicional de conter a crise.
Algumas recomendações para familiares:
1. Não faça suposições a respeito do que a pessoa com pânico precisa, pergunte a ela. 2. Seja previsível, evite surpresas 3. Proporcione a quem sofre de pânico a paz necessária para se recuperar. 4. Procure ser otimista para com quem pânico, procure aspectos positivos nos problemas. 5. Não sacrifique sua própria vida pois acabará criando ressentimentos. 6. Não entre em pânico quando o paciente com pânico tiver um ataque. 7. Seja paciente e aceite as dificuldades de quem tem pânico mas não se conforme como se a pessoa fosse inválida.
Bibliografia:
1 – Apresentação clínica do transtorno do pânico: um estudo descritivo – Mendes,R; Dias,RS; Smaira,SI; Torres,AR – Psiquiatria na prática médica – vol.33, n.3 – jul-set/2000
2 – www.psicosite.com.br