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Benzodiazepínicos e Risco de Doença de Alzheimer

Recentemente um estudo publicado no respeitável British Medical Journal levou a inúmeras matérias em jornais e revistas sobre os benzodiazepínicos e a possibilidade desse grupo de medicações levar a uma série de conseqüências, variando de quadros de dependência até a doença de Alzheimer.

O uso de benzodiazepínicos em populações idosas é alto em vários países, e essas medicações têm sido tradicionalmente utilizadas no tratamento de quadros de ansiedade e insônia, embora seu uso de forma crônica para tratamento de quadros ansiosos seja questionável e em geral não recomendado. Essas medicações produzem efeitos terapêuticos ao potencializar a ação do ácido gama-aminobutírico (GABA), um importante neurotransmissor inibidor.

Os benzodiazepínicos são medicações com potencial significativo para induzir dependência se o uso for indevido, e mesmo em doses terapêuticas com uso prolongado, pode ocorrer uma síndrome de abstinência em grande proporção dos usuários quando da interrupção do medicamento.

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Os Benzodiazepínicos tem tido um uso muito diferente do recomendado e são apenas medicações ansiolíticas e nada mais que isso. Não são antidepressivos, antipsicóticos ou medicações adequadas para o tratamento prolongado da insônia, ao contrário do que podem pensar muitos clínicos e pacientes.

É bastante conhecido o fato de que os benzodiazepínicos causam alterações agudas na memória e cognição, mas é muito discutida a questão a respeito de eles poderem causar alterações crônicas e aumentar o risco de uma síndrome demencial, com doenças como a de Alzheimer.

O estudo publicado no BMJ, que fortaleceu essa hipótese, envolveu uma população de 8980 indivíduos do Quebec, onde existe um registro central das medicações distribuídas para a população, com 1796 pessoas com doença de Alzheimer e 7184 controles (pessoas sem a doença). O que o estudo mostrou é que o risco de doença de Alzheimer aumentou em 43 a 51% em pessoas expostas a benzodiazepínicos, especialmente quando o uso foi prolongado e com utilização de medicações de ação mais longo.

Esse estudo tem uma função muito importante, de corroborar algo que já se tem dito em psiquiatria há alguns anos: Essas medicações são de valiosa importância na prática clínica, em situações específicas (Por exemplo uma pessoa muito ansiosa com um quadro depressivo para o qual iniciou tratamento há pouco tempo, de forma a aliviar alguns sintomas até que o efeito pleno do antidepressivo ocorra), com as recomendações de não exceder um tempo de 3 meses em uso dessas medicações e evitar o seu uso em pessoas idosas.

Artigo original: Benzodiazepine use and risk of Alzheimer’s disease: case-control study - BMJ 2014;349:g5205 (Publicado em 9 de Setembro de 2014)

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